sábado, 18 de fevereiro de 2017

A HELENIZAÇÃO DE JUDÁ

Alexandre Magno
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1 Alexandre, o Macedônio, filho de Filipe, já reinava na Grécia, quando saiu da terra dos ceteus e derrotou a Dario, rei dos persas e dos medos. Travou numerosas batalhas, conquistou muitas fortalezas e matou os reis da terra. Chegou até os confins do mundo e apoderou-se dos despojos de uma multidão de nações. A terra emudeceu diante dele. Seu coração se exaltou e ele se ensoberbeceu. Mobilizou um exército poderosíssimo e subjugou os territórios e os soberanos das nações, obrigando-os a lhe pagarem tributo. Certo dia, ficou doente e percebeu que ia morrer.  Chamou seus altos oficiais, que tinham sido seus companheiros desde a juventude, e, ainda em vida, repartiu entre eles o reino.  Alexandre reinou durante doze anos, e morreu. Seus oficiais assumiram o poder, cada um no seu lugar.

 Após a morte dele, todos cingiram o diadema, e depois deles os seus filhos, por muitos anos.
E os males se multiplicaram na terra. Deles saiu aquela raiz de pecado, Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco, que estivera em Roma como refém e que tornou-se rei no ano cento e trinta e sete do reino dos gregos. Por aqueles dias, saíram de Israel homens iníquos, que persuadiam a muitos, dizendo: “Vamos fazer aliança com as nações que estão ao nosso redor, por- que, desde que nos isolamos, muitos males nos aconteceram”. Essa proposta parecia boa.
 Alguns do povo resolveram ir ter com o rei, e este deu-lhes permissão para adotarem os costumes das nações pagãs. Construíram em Jerusalém um ginásio ao modo dos pagãos. Disfarçaram a circuncisão e renegaram a aliança sagrada, ajuntando-se às nações e vendendo-se para praticarem o mal.

Campanha do Egito e saque do templo.
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 Quando consolidado a seus olhos o reinado de Antíoco, se propôs reinar também na terra do Egito, pretendendo dominar nos dois reinos. Invadiu o Egito com um exército imponente, com carros e elefantes, cavalaria e muitos navios. Travou combate contra Ptolomeu, rei do Egito, o qual ficou com medo de enfrentá-lo e fugiu, deixando pelo chão muitos feridos.
 Antíoco tomou as cidades fortificadas e saqueou as riquezas da terra do Egito.

Voltou então, depois de ter submetido o Egito no ano cento e quarenta e três, e subiu contra Israel e Jerusalém com um possante exército. Entrou no Santuário com arrogância e apoderou-se do altar de ouro e do candelabro com os seus acessórios.
Também levou a mesa da apresentação dos pães, as vasilhas para as libações, os copos e taças de ouro, o véu e as coroas, e toda a decoração de ouro que estava na fachada do templo. Tudo ele saqueou.

 Levou a prata e o ouro, os objetos de valor e mesmo os tesouros escondidos que pôde encontrar. Roubando tudo, voltou para a sua terra, depois de uma grande carnificina, e tendo proferido palavras de extrema arrogância.

Houve grande luto em Israel, em todo o seu território.
Gemeram príncipes e anciãos, moças e jovens perderam o vigor, alterou-se a beleza das mulheres. Todo esposo entoou lamentações, ficou de luto a que estava no leito nupcial. A terra tremeu por causa dos seus habitantes e toda a casa de Jacó se cobriu de vergonha.

A CONTAMINAÇÃO DOS JUDEUS

O rei Antíoco mandou por escrito, a todo o seu reino, que todos formassem um só povo e cada um renunciasse à sua própria lei. Muitos de Israel consentiram na religião dele e começaram a sacrificar aos ídolos e a profanar o sábado.  Além disso, o rei mandou decretos por meio de mensageiros, a Jerusalém e às cidades de Judá, para que adotassem as leis das nações da terra: ficavam proibidos os holocaustos e sacrifícios e expiações no templo de Elohim, e deviam profanar os sábados e as festas, e macular o Templo e as pessoas consagradas.

[Porém, o Templo que já estava contaminado pela Estrela do deus Renfã por Salomão desde a sua fundação, foi ainda mais contaminado no Exílio]

Por outro lado, deviam levantar altares e templos e ídolos, e imolar porcos e outros animais impuros. Deviam também deixar seus filhos incircuncisos e profaná-los com todo tipo de impureza e contaminação, de modo que viessem a se esquecer da Lei e a mudar todas as observâncias. E todo aquele que não agisse de acordo com a palavra do rei, seria morto.

 Foi nesses termos que o rei Antíoco escreveu a todo o seu reino. Nomeou inspetores para todo o povo, e ordenou às cidades de Judá que, uma após outra, oferecessem sacrifícios. Muitos do povo se uniram a eles, todos os que haviam abandonado a lei do Senhor e praticaram o mal na terra. Assim obrigaram Israel a se esconder e a permanecer em lugares de refúgio. No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e cinco, Antíoco levantou sobre o altar dos holocaustos a abominação desoladora. Também pelas cidades de Judá ao derredor ergueram-se altares, e queimavam incenso diante das portas das casas e nas ruas. Os livros da Torá/Lei que fossem descobertos, eles os rasgavam e lançavam ao fogo.

 Onde quer que fosse encontrado um livro da Aliança, numa casa, ou se alguém estivesse seguindo a Torá/Lei, o decreto do rei condenava-o à morte.

Como tivessem o poder, infligiam isto a Israel, a todos os que fossem descobertos, mês por mês, nas várias cidades. No dia vinte e cinco de cada mês ofereciam sacrifícios no altar que fora erguido sobre o altar dos holocaustos. As mulheres que haviam circuncidado seus filhos eram punidas de morte, segundo o decreto, sendo seus filhinhos estrangulados, as casas destruídas, e mortos também os que haviam praticado a circuncisão. Todavia, muitos em Israel permaneceram firmes, decididos intimamente a não comerem nada impuro. Preferiam morrer a se contaminar com esses alimentos, profanando a Aliança Sagrada. De fato, muitos morreram. Assim, desencadeou-se uma ira terrível sobre Israel.